O “Cabocones”, espécie de “temaki amazônico” – cone de massa salgada com recheios que variam de vatapá, tacacá a chocolate com castanha – nasceu de um projeto criado para uma feira de empreendedorismo da Faculdade Martha Falcão e ganhou asas até se tornar o negócio definitivo e a fonte de renda de seus idealizadores.
“Formamos em 2018, mas o Alfredo (sócio-idealizador) e eu mantivemos nossos empregos paralelos, participando apenas de feiras e outros eventos para manter o nome e a clientela vivos. Quando veio a pandemia, decidimos trabalhar o delivery, as demandas aumentaram e passamos a receber muitos incentivos, além de cobranças dos clientes por um espaço físico. A decisão já era inadiável”, conta Cássio Viana, formado em Marketing, assim como o sócio, Alfredo Monteiro que, atualmente, cursa pós-graduação na área de Gestão.
Com a sinalização do Governo Estadual em reabrir o comércio, os dois empreendedores resolveram apostar na novidade do espaço físico ao entender que o público pedia por inovação e por lugares para visitar após um longo período de confinamento imposto pelo isolamento social.
“A gente já tinha um pensamento em abrir a loja física, só que o ‘insight’ foi justamente na pandemia. Mas precisávamos de uma renda extra e o sistema de delivery deu uma alavancada. Depois as coisas foram abrindo e foram fluindo: encontrei o espaço físico que tinha em mente desalugado, juntamos nossas economias e fomos em frente”, afirma Cássio Viana.
Cassio afirma que ainda estão com alta demanda de entregas, mas havia a necessidade de tornar o negócio “mais profissional”. “Fomos pra uma cozinha nossa; anteriormente funcionava na cozinha do Alfredo. Muita coisa já tínhamos como fogão, as panelas, os vasilhames, por exemplo, então facilitou um pouco. Como foi entrando dinheiro do delivery, fomos investindo, mas o aluguel e os dois funcionários – um no atendimento e outro na cozinha – foi ‘na cara e na coragem’”, explica.
O espaço da loja física foi encontrado por Cássio, que tinha a intenção de montar um negócio na área de doces juntamente com a irmã, formada em gastronomia. Com a pandemia, esse projeto parou.
Base na graduação
O projeto iniciou em 2017 quando tiveram que criar um modelo de negócio sob o tema “da temática Gastronomia Exótica Regional”, trabalhando cálculo, tempo de vida do alimento, proporções, custos iniciais, até a marca, como comunicar, chamar a atenção para o produto, entre outros fatores.
“A base que e gente tem na faculdade é um elemento fundamental pra isso, desde a parte estética, até o planejamento e a gestão de pessoas”, afirma Cássio.
A psicóloga e coach de carreira da Faculdade Martha Falcão, Angélica Dias, é categórica ao afirmar que “a faculdade é uma porta imensa para um horizonte de mercado, de oportunidades de negócios, desde que a pessoa esteja com abertura mental pra aproveitar essas oportunidades. Tem muito a ver com o objetivo de cada um: para quê e para quem estou cursando uma graduação? Isso é um pouco do que o professor tentar colocar para o aluno em relação à pesquisa de conclusão de curso”, afirma.
Para apresentação do trabalho, foram criadas redes sociais com a marca e a fotografia, que logo chamou a atenção na Internet, o que contribui para a decisão do grupo de “tocar o negócio”. No mesmo ano, eles conseguiram um investidor para a compra dos ingredientes iniciais e encararam a experiência de dentro de uma barraca no Festival Folclórico do Centro Social Urbano (CSU), evento julino tradicional na cidade de Manaus que acontece no espaço comunitário do bairro Parque Dez de Novembro. “Foi decisivo para vermos quem tinha intenção de continuar. Como minha família já atua no ramo da gastronomia, eu já sabia como funcionava”, diz Cássio.
A criação do Cabocones envolveu alunos dos cursos Marketing, Logística, Processos Gerenciais e Recursos Humanos. No entanto, dois mantiveram o negócio funcionando mesmo depois de formados, com a ideia de que profissionalizarem, o que foi possível graças à demanda na pandemia.